Os usuários do WhatsApp já estão fazendo uso da nova atualização, que permite a aceleração das mensagens de voz enviadas e recebidas. As primeiras impressões sobre a funcionalidade são boas, mas o que parece ser uma solução pode ser altamente prejudicial.
Entre os especialistas da área da psicologia e tecnologia, o acelerador de áudio tem gerado uma reflexão a respeito de nossas vidas: por que aceleramos os áudios, os vídeos e a vida hoje?
O papel do WhatsApp na vida cotidiana
Há algum tempo o aplicativo de mensagens se tornou a principal forma de contato entre amigos, colegas de trabalho e familiares. Além disso, ouso do WhatsApp é quase obrigatório para quem deseja estar por dentro das novidades do dia a dia. Tudo parece passar por ali, nada escapa!
Recentemente, o aplicativo recebeu uma atualização que permite aceleraras mensagens de voz.A princípio, o recurso é visto com bons olhos e parece uma ótima solução. Afinal, é capaz de nos poupar tempo e trazer agilidade às conversas tratadas – já que nem todo mundo tem paciência para ouvir áudios longos.
A problemática da aceleração e ansiedade na contemporaneidade
A grande questão, para além dos aparentes benefícios trazidos pelo aplicativo, é que tudo hoje se tornou acelerado e “para ontem”. Assim, há muito conteúdo disponível e pouca atenção aos detalhes destas vivências em estilo “fast food”.
O assunto levanta reflexões sobre estresse, qualidade de vida, relacionamento interpessoal, acolhimento, impaciência e ansiedade.Acelerar os áudios do WhatsApp, como tudo na vida, é apenas mais um fator que indica a ansiedade que enfrentamos cotidianamente, aponta o psicólogo Kleber Marinho em entrevista para o Metrópoles.
Não é necessário ser um grande analista ou um expert em assuntos psicológicos para saber que tudo em excesso faz mal, ainda mais toda essa necessidade de se viver mais rápido, que gera nítidos impactos no comportamento e pode alterar nosso humor.
Daí vem a irritação, a impaciência e a exaustão, que são emoções cada vez mais comuns, com consequências nunca favoráveis. Por sua vez, isso pode causar a sensação de frustração generalizada, por não dar conta de tudo.
“Existem estímulos para a gente pensar que poderia ter feito mais, produzir mais. Parece que o nosso tempo nunca é suficiente”, informa o Marinho. E esse constante sentimento de urgência, somado ao fato de que não escutamos nem somos escutados por outras pessoas ativa os gatilhos da ansiedade e do auto-flagelamento.
Impactos da tecnologia na vida e relacionamentos
Do mesmo modo com que aceleramos os áudios, também temos os nossos acelerados por quem os recebe, limitando as interações a experiências cada vez mais superficiais, o que nos traz um sentimento de inferioridade na maior parte do tempo.
Esta atualização demonstra o que é mais evidente a cada dia em nossa sociedade: a falta de empatia e a individualidade com a que estamos nos acostumando, já que a atenção que damos às pessoas é a mesma que recebemos, na maioria dos casos.
Essa atenção parece ser cada vez mais inalcançável quando nos falta até mesmo à paciência de ouvir o que o outro tem a nos dizer por áudio, mesmo em um aplicativo que já é programado para acelerar a nossa comunicação do cotidiano.
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